quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Entenda os endereços de Brasília




Uma sopa de letrinhas e números incompreensível e impossível de memorizar. Assim parecem os endereços de Brasília para quem não conhece a capital. Cidade sem esquinas, onde as ruas não têm nome, onde as quadras são todas iguais, onde, para ir para a esquerda, você vira para a direita… Realmente parece difícil, mas, assim que você compreende a lógica, tudo fica incrivelmente simples. E aí você se dá conta de que, afinal, o sistema de endereçamento de Brasília é muito mais prático do que o das demais cidades.
Aqui estamos falando do Plano Piloto, mas a mesma lógica se repete, com algumas variações, nas cidades satélites. Nenhuma delas, no entanto, tem uma organização tão simples, pois o Plano Piloto parece realmente um gráfico cartesiano como o da imagem.
A primeira coisa a saber: a área de moradias no Plano Piloto se restringe às Asas Sul e Norte, ou seja, ninguém mora no corpo do avião. As Asas têm exatamente a mesma divisão e, de modo geral, uma é igual à outra, porém refletida.
As duas Asas são separadas uma da outra pelo Eixo Monumental. Ambas são cortadas ao longo de sua extensão por outro Eixo, o Rodoviário, que todo mundo conhece como Eixão. Ele começa na ponta de uma e segue toda vida, até terminar na ponta da outra Asa. Ele é fundamental para entender os endereços de Brasília: de um lado do Eixão estão as chamadas quadras ímpares, e do outro, as quadras pares.
Pode-se dizer que há 135 quadras em cada Asa (ou seja, 270 em todo o Plano Piloto, sem contar as quadras dos setores comerciais, bancários, de órgãos públicos, etc). Cada uma dessas 135 quadras estão dispostas em 9 seqüências de 15 quadras. Cada quadra tem um número que a identifica, e essa numeração vai de 102 a 916, crescendo sequencialmente. A primeira coisa que se deve ter em mente: não existe quadra cujo número termina em “1″ (por exemplo, 101, 201); e 16 é o número em que cada sequencia termina. Ou seja, também não existem quadras com números como 317 ou 678. O final pode ser sempre, no máximo, 16.
Outra característica importante: quando se fala em quadras pares ou ímpares, se está pensando não no final do número, como seria mais natural, mas no primeiro algarismo, naquele que corresponde à centena do número. Por exemplo, as quadras 106 e 310 são ímpares, pois começam com os números 1 e 3. Já as quadras 203 e 409 são pares, pois começam com os números 2 e 4. Eu sei, é meio confuso, mas é assim.
Voltando agora ao Eixão: de um lado dele (o lado mais a oeste) estão todas as quadras ímpares, e do outro lado (mais a leste), estão as quadras pares. Sendo assim, de um lado estão as quadras das centenas 100, 300, 500, 700 e 900, enquanto, do outro lado, estão as quadras das centenas 200, 400, 600 e 800.
Realmente é confuso no primeiro momento, mas assim que se compreende a lógica, tudo fica muito mais simples. Eu sei, por exemplo, que a quadra 405 fica entre a 404 e a 406. Sei também que é vizinha da 205 e da 605. E que, se preciso ir da quadra 212 até a 112, basta atravessar o Eixão.
Como já disse, as Asas são espelhadas uma em relação à outra. Ou seja, quanto mais alta a numeração final de uma quadra, mais longe essa quadra está do Eixo Monumental (não confunda com o Eixão).
Isso significa que as quadras 102 Sul e Norte são próximas entre si, enquanto as quadras 116 Sul e Norte são distantes uma da outra.
Quem está começando a conhecer Brasília deve saber que nunca deve usar o termo oficial para designar uma quadra: Superquadra Sul 307, por exemplo, ou Superquadra Norte 410. Dizer isso, ou mesmo as siglas SQS e SQN, é um atestado de forasteiro: todo mundo saberá que você é de fora. Diga apenas o número da quadra e se é Sul ou Norte, e pronto. Por exemplo, diga apenas 307 Sul, ou 410 Norte. Todos entenderão.
Mais uma coisa: apesar de quase idêntica à Asa Sul, a Asa Norte tem duas diferenças significativas. Nela não existem as quadras 413 e 414 (há apenas a quadra comercial 413 Norte, mas não a residencial). No lugar onde tais quadras estariam fica o Parque Olhos D`Água. Além disso, não há as quadras 800, nenhuma delas: ali fica a Universidade de Brasília.
Agora que você já entende as quadras, entenda os blocos.
Dentro de cada quadra, há diversos edifícios que são chamados de blocos. Cada um deles é identificado por uma letra. Na maioria das quadras há algo em torno de 12 blocos, ou seja, eles vão de A a L, no máximo, exceto nas quadras 400, que são maiores – nelas há 15 ou 16 blocos, que vão de A a R, aproximadamente.
A cada duas quadras residenciais, há duas quadras comerciais, que seguem os números das residenciais às quais estão anexas. Assim, entre a 209 e 210, hás as quadras comerciais com os mesmos números. No entanto, não há nenhuma quadra comercial entre as 210 e a 211, por exemplo, mas entre a 211 e a 212, sim.
Um caso famoso nas redes sociais ilustra bem a dificuldade das pessoas com esse sistema de endereçamento. Uma conta de celular endereçada à Sapo Queijo Nada 212. Esse endereço, obviamente, não existe. É que o pobre usuário, ao informar à atendente onde mora, em vez de dizer simplesmente SQN, disse palavras com as mesmas iniciais, algo muito comum no meio do telemarketing. E lá foi o atendente transcrever exatamente como ouviu… A sorte é que cada bloco em Brasília tem o seu próprio CEP, de modo que dificilmente uma correspondência se perde.

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